1- INTRODUÇÃO[1]
Este trabalho tem como objectivo
de buscar perceber a origem e o processo evolutivo dos estudos arqueológicos. A
nossa investigação também colocará em consideração as disciplinas auxiliares
que contribuíram e acompanharam todo processo de desenvolvimento do pensamento
arqueológico ao longo da sua história. Por ser um trabalho destinado a ser
realizado num período de tempo limitado, as nossas análises serão apresentados
de uma forma sintética. Uma das questões que colocaremos em evidência dentro
desta investigação, é o destaque dos elementos que garantiram afirmação e
padronização do carácter científico dos
estudos arqueológicos.
Por outro lado, reconhecemos
que, se trata de um tema mais complexo, para tal a nossa promessa de apresentar
as nossas análises de uma forma sintética, pode garantir o alcance do nosso
objectivo, mas também podemos correr o risco de nos limitar numa única
perspectiva do assunto; desviando-se daquilo que nós traçamos como a base da nossa investigação. Contudo, o
nosso esforço buscará garantir que as nossas análises centrem especificamente
na origem e evolução do carácter científico da arqueologia. Antes de entramos
em profundos detalhes buscaremos definir arqueologia de uma forma sucinta, esta
iniciativa orientar-nos-á para uma melhor compreensão do objecto do nosso
estudo.
2- A DEFINIÇÃO DA ARQUEOLOGIA
Arqueologia é uma ciência social,
que tem como objectivo de estudar o passado mais remoto do homem, na base dos
seus vestígios. O termo arqueologia foi
usado pela primeira vez por Platão, em referência da ciência de uma ciência que
tem como objectivo o estudo da antiguidade. Os primeiros, avanços em tentar analisar os
objectos antigos aparecem no século XVII e no século XVIII (1733) cria-se na
Inglaterra Society of the Dilettanti com
a finalidade de desenvolvimento dos primeiros estudos de gênero arqueológico.[2]
É relevante salientar que a palavra Arqueologia é de origem grega, e ela é
composta por duas palavras que são archaios
que significa antigo e logos que
significa palavra ou mesmo ciência. O papa clemente VIII é uma das pessoas que
contribuiu no processo de desenvolvimento das investigações arqueológicas, especialmente
pelo sua obra conhecida por Metallotheca
que foi publicado em 1717. Nesta
obra ele afirmaou que primitive Stone implements
were man-made and not supernatural therefore, there is a need of studying them[3].
Os
pensamentos presente nesta obra, influenciou muito nas idéias dos escritores arqueológicos de origem
francesa. Em geral, torna importante perceber que a história da arqueologia
está associada à história dos grandes descobrimentos das cidades submersas em
cinzas vulcânicas, Pompeia em Itália, as cidades perdidas dos Maias no México,
as pinturas de Lascaux em França e assim para diante; neste sentido, Arqueologia tenta descrever o
modo de vida das diversas comunidades humanas no espaço, no tempo e a sua
respectiva evolução, esclarecendo os aspectos da cultura material e da vida
espiritual. [4]
Esta afirmação, fortifica a visão de que, classification and chronological ordering of ancient artifacts and
monuments are among de fundamental principles of archaeological studies (Daniel
1981:51). Contudo, arqueologia assim como
as outras disciplinas sofreu o processo de evolução, uma realidade que pode ser
notável ao longo da historia da sua
existência. E é por esta razão que arqueologia tem a sua própria história, que descreve de uma forma objectiva
o seu processo evolutivo.
EVOLUÇÃO DA ARQUEOLOGIA
Quando falamos da evolução da
arqueologia, as nossas análises centram-se na evolução do seu pensamento, quer
dizer o progresso dos pensamentos arqueológicos efectuado pelo homem por meio das suas técnicas
metodológicas que afirmaram a natureza científica da arqueologia. Portanto, a
natureza das fontes que servem como bases da arqueologia, também contribuíram
muito para que ela cria-se as suas próprias técnicas de investigação e explicando
melhor determinadas coisas do passado do que a própria História, que se baseia nas fontes escritas.[5]
Nesta perspectiva compreendemos que o que é novo na dimensão arqueológica é a
consciência de métodos adequados que são aplicados nos estudos arqueológicos para
obter informações relevantes sobre o passado, e de uma maneira especial da
pré-história. Deste modo, a história da arqueologia em si é a mais antiga, do
que a história do desenvolvimento dos seus métodos de investigação, da
aplicação de idéias e de análises de questões.[6]
Ao reflectirmos a questão do método, é importante salientar que, Aristóteles
forneceu as bases de classificação metódica no campo dos conhecimentos
arqueológicos (Frédéric 1980:28).[7] Antes de entrarmos em profundos detalhes em
relação os pensamentos que orientaram o processo de desenvolvimento dos
conhecimentos arqueológicos, apresentaremos um breve historial das fases que
compreendem o processo evolutivo da história da arqueologia. No período da antiguidade, nós podemos
destacar os nomes de alguns autores que se preocuparam muito com os assuntos
arqueológicos, dentre os quais encontramos Homero (séc. IX a.C.), escritor grego;
Hesíodo, escritor grego (800 a.C.); Nobonitus, rei da Babilónia (555 a 539
a.C.); Estrabão na Geografia e Xenofonte (429-355 a.C.); Platão (séc.V),
filósofo grego; Tucídies (470-401 a.C.); Heródoto (séc.V a.C.) historiador
grego; Pausânias, um “antigo grego”;
Vitrúvio (séc. I d.C.), arquitecto e engenheiro romano; Plínio-o-Velho (séc. I
d.C) estes são pensadores que se interessaram nos conhecimentos arqueológicos
no período da antiguidade.
Por outro lado, na idade média nós
encontramos outros autores que se preocuparam com os conhecimentos
arqueológicos dentre os quais destacamos Heráclio (séc. X); Teófilo (séc. XII);
Cola di Rienzo (1310-1354); Filippo Villani (séc. XIV); Lorenzo Ghiberti
(1380-1455) escultor italiano; Ciríaco de Ancona (1391-1452), mercador; Marco
Polo (Séc. XV) mercador, esses são principais autores do pensamento
arqueológico da idade média.
Idade moderna foi o
período marcado pelo poder do pensamento racional, a razão tornou-se a base do
julgamento de todas as realidades. Com a
revolução cientifica que se verificou oficialmente a partir do século XVI a XVIII, nota-se os primeiros passos
notáveis do novo saber da Europa, trazido pelo Renascimento, e com isso,
formaram-se os primeiros “gabinetes de curiosidades”
realizados por príncipes e pessoas requintadas. Nestes gabinetes, os artefactos
antigos e singulares estavam colocados de forma desordenada ao lado de minerais
exóticos e de toda a classe de espécies ilustrativos o que se designava de
“história natural”.[8] Os
investigadores tais como o inglês William Stukeley (1687-1765) realizaram
diversos estudos sobre os monumentos e algumas das metodologias usadas neste
dado período estão sendo usadas até aos dias de hoje. Lembrar que, por volta de
1675, foi efectuada a primeira escavação arqueológica no Novo Mundo, escavou-se
um túnel em direcção a Pirâmide da Lua de Teotihuacan, este iniciativa foi
dirigida por Carlos de Siguenza e Góngora. O período do século XVIII é
classificado como sendo a fase de grande evasão de teorias e publicações que
eram apresentadas de forma desorganizada e com muitas lacunas.[9]
Por outro lado, é importante reconhecer que todos esses trabalhos realizados na
dimensão arqueológica nesta determinada fase tinha como objectivo demonstrar a
grande qualidade que estava presente na antiga arte, sendo assim ela deveria
ser estudada e imitada. Até esta fase arqueologia estava associado com o termo
antiquário. Foi também nesta fase que se realizou a primeira escavação
científica algo que se atribuiu ao presidente dos Estados Unidos da America,
Thomas de Jefferson (1743-1826).[10]
Em conexão com isso, nós notamos que foi neste determinado período que se
realizou uma das primeiras expedições entre 1789-1800, este foi de carácter
verdadeiramente científico, esta expedição foi representada pela viagem do
Napoleão ao Egipto. E em 1799, um dos seus
soldados foi responsável pela descoberta da Pedra Roseta.[11] É
relevante reconhecer que nesta faze houve também vários autores dedicados na
área dos conhecimentos arqueológicos, alguns deles são: Leonardo de Vinci
(1452-1519); Ciriano de Acône; Giorgio Vasari (1511-1575); Gruther (1511-1627);
Nicolas Claudes de Fabri; Johann Joachim Winkelmann (1717-1768) bibliotecário
do Vaticano que é considerado também como o pai da arqueologia e outros.
Nesta fase vamos
analisar a realidade da Arqueologia entre os séculos XIX e XX. Confirma se de que até no século XIX arqueologia não tinha ganhado o estatuto de
uma disciplina. Nesta fase percebemos que com aparecimento de geologia como
ciência, arqueologia somou uma serie de contributos para o seu
desenvolvimento. A teoria da terra do
ano 1785 inventado por geólogo escocês James Hutton (1726-1785) facilitou a
investigação da estratificação das rochas, por meio do qual ele aplicou também
os princípios em que deveriam assentar as bases da escavação arqueológica que
anteriormente tinham sido apresentado por Jefferson. Hutton por meio das suas
investigações, descobriu que a estratificação das rochas resultava de processos
que seguiam os mares, rios e lagos. É
desta forma que surge o principio de uniformismo na dimensão arqueológica.[12] Em
relação uniformismo, nós podemos destacar outros tipos de princípios que
orientaram o conhecimento arqueológico, no caso de essencialism, actualism, and directionism (Daniel 1981:37).[13] Esses
princípios explicam se da seguinte maneira:
Essentialism/typical
thinking- this was first applied to the studies of archaeological monuments.
The systematic classification of artifacts employing the type and concept begun
only with Thomson, and depended upon the recognition of artifacts for what they
were objective description from this, the
Aristotelian conception of essences and transmutation were abandoned.[14]
Actualism – tacit acceptance of the validity of ethnographic comparison lay behind of
identification of artifacts as tools, deductive arguments for the existence of
stone, bronze and iron technological stage, and conjectures on the customs and
institutions of early people.[15]
Directionalism belief in an underflying past directional pattern to
change in the human was necessary for the chronological ordering of the
prehistoric past by successive technological stages.[16]
Por outro lado, é relevante perceber que é importante ter
sempre em conta, que cada visão do passado é fruto da sua própria época e que
as ideias, teorias e métodos estão em permanente evolução. Quando se descobre a
actual metodologia do estudo arqueológico, apenas se está a referir dentro de
um ponto de uma trajectória de evolução. No decorrer de algumas épocas ou de
poucos anos, os métodos utilizados serão considerados fora de moda e de lugar.
Esta é a verdadeira essência da arqueologia como ciência arqueológica.[17]
CIÊNCIAS AUXIALIARES DA
ARQUEOLOGIA
As
nossas analises nessa dimensão, baseiam-se nas reflexões presente no texto de
apoio elaborado professor Madiquida, onde consta que as ciências auxiliares da
arqueologia podem ser classificadas em três perspectivas que são técnica,
histórica e artística.
Ciências históricas: nesta dimensão
destacamos as seguintes disciplinas, História, Paleografia, Epigrafia,
Toponomia, Onomástica, Numismática, Cronologa, Esfragística, Heráldica,
Genealogia, Criptografia, e Linguistica.
Ciências Tecnológicas: as ciências
tecnológicas que auxiliam os estudos arqueológicas são Fografia, Física
nuclear, Química, Matemática, Biologia Humana, Geologia, Zoologia e
Botânica. Na dimensão das ciências
artísticas, notamos que os conhecimentos artísticos podem contribuir para a
compreensão do comportamento de uma sociedade desaparecida. As técnicas de
arquitetura, escultura, pintura, gravura, desenho, cerâmica, tecelagem
tapeçaria, adornos devem ser identificados com o carácter de conhecimentos
estéticos.[18]
Os estudos arqueológicos actuais, segue uma
nova dinâmica diferente daquela que definiu a natureza da arqueologia nos anos
anteriores. Podemos
perceber melhor esta afirmação a partir da idéia de que today the development of new scientific perspectives including Marxism
is shifting the scope of archaeology from reconstruction to explanation, from
historical peculiarities to scientific and evolutionary regularities, from
national archaeology to world archaeology. So all these changes bring
scientific challenges and also, adds new possibilities in relation to the
functions of archaeologists within the societies (Daniel 1981:37).
Conclusão
Até a
este ponto torna relevante concluirmos que arqueologia tem uma longa história,
que diz respeito ao seu processo de evolução. E é importante reconhecer o
esforço de vários autores que contribuíram para o desenvolvimentorrttrt dos
conhecimentos arqueológicos desde antiguidade até aos nossos dias. O importante
é sublinhar que em relação os métodos que orientam o seu carácter científico
asseguram a visão de que os conhecimentos arqueológicos continuam no seu
processo dinâmico e com a descoberta de
novas metodologias sofisticados dos seus
estudos, ela vai cada vez mais no além
do seu processo de desmistificação das concepções da realidade do
passado.
Biobliografia
1-Daniel, Glyn 1981 TOWARDS A HISTORY OF ARCHAEOLOGY. Great
Britain: Thomes and Hudson Ltd.
2-Frédéric,
Louis 1980 Manual Prático de Arqueologia.
Lisboa: Coimbra-Livraria Almeida.
3- http://www.infoplease.com/ce6/sci/A0856675.htm#ixzz1vI5X751N
[1] O trabalho de investigação realizado por Atanásio Fabrino
Atanásio, licenciado em Filosofia pela
Catholic University of Easten Africa-Nairobi, e actual estudante do 1º ano do
curso de Antropologia na Universidade Eduardo Mondlane.
[2] Informações extraídas do texto de apoio , sobre a introdução ao
estudo da Arqueologia.
[3] Daniel, Glyn 1981 TOWARDS A HISTORY OF ARCHAEOLOGY. Great Britain: Thomes and Hudson
Ltd.
[5] Ibd.
[6] Ibd
[8] http://www.infoplease.com/ce6/sci/A0856675.htm#ixzz1vI5X751N
[9] Ibd.
[10] Ibd
[11]
http://www.brasilescola.com/geolografia/historico-arqueologia.htm
[12]Ibd.
[13]Ibd p.64
[14] Ibd p.64
[15] Ibd
[16] Ibd
[17]
http://www.brasilescola.com/geolografia/historico-arqueologia.htm
[18] Estas informações foram extraídas no texto de apoio “elaborado e
transformado por professor Hilário Madiquida, na Universidade Eduardo Mondlane,
na faculdade de Letras e ciências sociais, no departamento de Antropologia e
Arqueologia/2006.
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